sábado, 30 de junho de 2012

Ex-Panicat limpa o chão com camisa do Boca e gera polêmica na Argentina.


30/06/2012 - 07h00

Ex-Panicat limpa o chão com camisa do Boca e gera polêmica na Argentina.

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DE SÃO PAULO
SPFW 2012Uma foto da ex-Panicat Dani Bolina pisando e limpando o chão com uma camisa do Boca Juniors virou polêmica na Argentina.
O diário esportivo "Olé" aproveitou que a foto da modelo começou a repercutir em redes sociais para publicar nota em seu site dizendo que a imagem pode servir de estímulo aos jogadores argentinos na final da Libertadores, na próxima quarta-feira.
Divulgação
Dani Bolina limpa o chão e pisa na camisa do Boca Juniors em ensaio
Dani Bolina limpa o chão e pisa na camisa do Boca Juniors em ensaio
A gaúcha Dani Bolina é gremista, mas já desfilou pela escola de samba Gaviões da Fiel e veste uma camisa do Corinthians na foto, que foi distribuída por uma assessoria de imprensa e divulgada em redes sociais.
"Sou de Porto Alegre e sempre fui gremista, mas quando cheguei a São Paulo nasceu meu amor pelo Corinthians. Me identifiquei por ser um time muito guerreiro, com uma torcida apaixonada. Assisti ao jogo e mesmo depois que o Corinthians sofreu o gol eu tinha certeza que o time iria reagir, esse é jeito do Corinthians. Estou certa que na semana que vem vamos concretizar esse sonho de conquistar a Libertadores dentro do Pacaembu", afirmou Bolina em nota.
Rubens Cavallari - 18.dez.07/Folhapress
Ensaio para o Carnaval de 2007 na sede da Gaviões com Fabiana Pieroccini, Sabrina Sato, Livia Andrade e Dani Bolina
Ensaio para o Carnaval de 2007 na Gaviões com Fabiana Pieroccini, Sabrina Sato, Livia Andrade e Dani Bolina
A repercussão na Argentina, segundo o "Olé", foi de motivação para o Boca, rival corintiano na final (o primeiro jogo foi 1 a 1) de quarta, no Pacaembu.
O diário esportivo recordou as declarações de Emerson Sheik, que disse que Riquelme falava demais com o árbitro durante a partida e também lembrou que em 2000, contra o Palmeiras, o então técnico Carlos Bianchi usou declarações de Luiz Felipe Scolari para motivar o time no vestiário.
Na oportunidade, o Palmeiras também empatou com o Boca na Bombonera, por 2 a 2. Na decisão, em São Paulo, outro empate (0 a 0) e argentinos campeões nos pênaltis.
"Então gente a foto foi feita para brincar! Se os argentinos se ofenderam sinto muito! Acho hipócrita em época de copa do mundo", escreveu Dani Bolina no Twitter. "Acho um absurdo vim falar merda? Cada um cada um! Cuidem do de vcs eu cuido do meu. Minha terapia do dia dar Block em argentino ouvir bosta", concluiu.

Pílula 'quatro em um' torna tratamento do HIV mais 'seguro, simples e eficaz'


Pílula 'quatro em um' torna tratamento do HIV mais 'seguro, simples e eficaz'

CDC
Célula infectada pelo HIV: nova pílula ajuda a interromper replicação do vírus
Um novo comprimido que combina quatro drogas anti-HIV em um único tratamento diário é seguro e eficaz, de acordo com um estudo publicado nos EUA.

Espera-se que a "pílula quatro em um" torne mais fácil para os pacientes manter a medicação e melhorar os efeitos de seu tratamento.

Um estudo publicado na revista especializada Lancet afirma que esta poderia ser uma "nova opção de tratamento".

Um especialista britânico disse que a pílula era "uma grande notícia" e fazia parte de um movimento em direção a doses diárias únicas para portadores do HIV.

O HIV é incurável, e o tratamento da infecção requer terapia que combina múltiplas drogas usadas para controlar o vírus.

Isso pode significar tomar vários comprimidos em diferentes horários do dia. E esquecer de um significa que o corpo pode perder a luta contra o HIV.

Pesquisadores e empresas farmacêuticas têm combinado alguns medicamentos em comprimidos individuais, para facilitar a administração das doses.

A "pílula quatro em um" é a primeira a incluir um tipo de droga anti-HIV conhecido como um inibidor da integrase, que interrompe a replicação do vírus.

'Segura, simples, eficaz'

Paul Sax, diretor clínico do Brigham and Women's Hospital, em Boston, Massachusetts, e professor associado da Harvard Medical School, disse: "A adesão dos pacientes à medicação é vital, especialmente para pacientes com HIV, onde a perda de doses pode levar o vírus a tornar-se resistente."

Ele liderou a pesquisa comparando o efeito da pílula quatro em um com o do melhor tratamento disponível até então em 700 pacientes. Ele disse que a pílula quatro em um era tão segura e eficaz quanto as opções anteriores, embora houvesse um nível maior de problemas renais, entre aqueles que a tomam.

"Nossos resultados fornecem uma opção adicional altamente potente e bem tolerada, e reforça a simplicidade do tratamento através da combinação de vários antirretrovirais em um único comprimido."

Dr. Steve Taylor, especialista em HIV no Birmingham Heartland Hospital, disse: "Sem dúvida, o desenvolvimento de uma pílula única é um grande avanço no combate ao HIV."

"Passamos um longo tempo com pessoas tomando até 40 comprimidos três vezes ao dia", diz.

Ele disse que o novo comprimido foi "uma grande notícia" para as pessoas com HIV e que a pílula quatro em um aumentaria as opções de tratamento.

No entanto, ele alertou que muitas pessoas ainda tinham o HIV não diagnosticado. Um quarto das pessoas com HIV no Reino Unido não sabem que estão infectadas.

A pesquisa foi financiada pela empresa de biotecnologia Gilead Sciences.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Plano paga químio após gerente ser feita refém.


Plano paga químio após gerente ser feita refém.

LUIZA BANDEIRA
DE SÃO PAULO
Uma mulher fingiu ter uma arma e fez uma gerente de plano de saúde refém por cerca de uma hora anteontem, em Vitória (ES), para conseguir atendimento para o pai, de 68 anos, que tem câncer no cérebro.

A pedagoga Mary Stela Camillato, 46, diz que o hospital em que seu pai, Ronaldo Camillato, se trata cancelou a sessão de quimioterapia anteontem alegando que o plano de saúde não havia pago o procedimento.

A pedagoga foi até o escritório do plano Saúde Internacional, em Vitória. Ao chegar, segundo ela, a gerente informou que não havia dinheiro para fazer o pagamento.

"Eu fechei a porta e falei: 'Estou com uma arma na bolsa e só vou te liberar quando liberarem o tratamento.' Após 40 minutos eles conseguiram negociar com o hospital", diz.

Mary Stela afirma que fez isso porque ficou revoltada e sem opção. Mesmo com decisões liminares da Justiça a seu favor, o atendimento não era feito, conta.

ENVERGONHADA

A polícia deteve a pedagoga. Ela assinou um termo circunstanciado por ameaça na delegacia e foi liberada.

"Estou aliviada porque ele está fazendo o tratamento, mas triste e envergonhada porque a gente precisa tomar atitudes que não são certas."

O advogado Fernando Bianchi, que representa a Saúde Internacional, disse que o pagamento ao hospital está em dia e que o atendimento seria feito mesmo sem as ameaças.

O Hospital Evangélico de Vila Velha, no entanto, diz que o plano está inadimplente e que o paciente só foi tratado porque o convênio pagou a sessão após a atitude da pedagoga.

O advogado diz ainda que o paciente ficou inadimplente por meses e que o tratamento foi custeado. Segundo ele, Mary Stela será processada civil e criminalmente.

Gripe A provoca corrida por vacina.


Vida e Cidadania

Quinta-feira, 28/06/2012
Antonio More/ Gazeta do Povo
Antonio More/ Gazeta do Povo /
SAÚDE

Gripe A provoca corrida por vacina.

Centros particulares de vacinação chegaram a triplicar as doses aplicadas contra o vírus H1N1. Secretaria Estadual de Saúde afirma não haver risco de epidemia
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Publicado em 28/06/2012 | ALINE PERES E MARIA GIZELE DA SILVA, DA SUCURSAL DE PONTA GROSSA
O avanço da gripe A [H1N1] neste mês no Paraná – 12 das 13 mortes já registradas no estado ocorreram em junho – tem levado preocupação à população do estado. Na última semana, centros particulares de vacinação de Curitiba chegaram a triplicar o atendimento aos pacientes que estiveram à procura da vacina tetravalente. Com o aumento da procura, o produto já está em falta.
No Frischmann Aisengart, a vacina tetravalente acabou ontem. Na semana passada, o laboratório viu a procura triplicada. Em seis dias, os profissionais chegaram a aplicar 4.986 doses. Na semana anterior, o número de aplicações foi de 1.257.
Tira dúvidas
A rede pública selecionou grupos de risco para a campanha de vacinação deste ano, mas a procura pelas doses na rede particular tem sido intensa. Tire algumas dúvidas sobre a vacinação:
Quanto tempo leva para a vacina fazer efeito?
Depende da resposta do organismo de cada pessoa, mas em geral o efeito ocorre entre uma e duas semanas após a aplicação. Quem toma a vacina hoje e é contaminada amanhã desenvolve a doença, porque ainda não houve tempo hábil para o organismo fortalecer os anticorpos que o protegem da gripe. A vacina é trivalente, pois protege contra três tipos de vírus (A [H1N1], H3N2 e B). Ela é feita com vírus inativado e, portanto, não causa sintomas de gripe. Muitas vezes, ocorre de a pessoa vacinada já ter o vírus incubado e ele se manifestar, coincidentemente, após a aplicação.
Quem tomou a vacina no ano passado, precisa se revacinar?
A vacina tem validade de seis a oito meses, aproximadamente. Então, o recomendado é se vacinar todos os anos antes da entrada do inverno, que é o período mais propício à circulação dos vírus.
Quem já foi vacinado no ano passado e for contaminado neste ano pode desenvolver uma forma mais branda da doença?
A doença pode ser mais branda, desde que restem anticorpos contra a doença no organismo. O ideal é o reforço vacinal.
Fonte: Sesa e os infectologistas Alceu Pacheco e Silvia Rossi
Interatividade
Você tem outras dúvidas sobre a vacina contra a gripe A ou a doença?
Aulas
Apesar do temor da população, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) não trabalha com a ocorrência de uma epidemia e orienta apenas o reforço nos cuidados básicos, como lavar as mãos e arejar os ambientes. O aumento no número de casos da gripe A também não repercutiu no calendário da maioria das escolas no Paraná. Em Curitiba e nas maiores cidades do interior (Ponta Grossa, Maringá, Cascavel e Londrina), as aulas da rede municipal seguem normalmente até o início das férias, marcadas para a segunda semana de julho. As redes particular e estadual adotam o mesmo procedimento.
O presidente interino do Sin­dicato das Escolas Par­ticulares do Paraná (Sinepe), Jacir Venturi, disse que vai lançar uma circular nas escolas nesta semana pedindo o reforço na prevenção. “Vamos avaliar as estatísticas no retorno das férias para ver que medida tomar”. O recesso na rede particular vai de 9 a 23 de julho.
Em 2009, quando a doença teve seu pico, com 79,9 mil doentes e 338 mortos no Paraná, as aulas foram suspensas. Em 2010 houve 1.607 casos confirmados e 19 mortes e, em 2011, dois casos foram confirmados e nenhuma morte registrada. O Ministério da Saúde não divulgou os números atualizados da doença. O último boletim é de 26 de maio, com o registro de 21 mortes no país.
Férias antecipadas
Em Capitão Leônidas Marques, no Oeste, as férias dos 1,2 mil alunos do Colégio Estadual Tenente Carlos Argemiro de Camargo foram antecipadas após a morte de uma estudante de 16 anos contaminada pela gripe A. Solange Merthes Hart morreu no dia 19 de junho com sintomas da doença. Nesta segunda-feira, a Secretaria de Estado da Saúde confirmou que ela foi contaminada pelo vírus H1N1.
A direção do colégio já estudava a suspensão das aulas, mas o estopim que levou à decisão foi um novo caso confirmado na segunda-feira de uma aluna que foi para a escola com o resultado do exame positivo em mãos.
Risco distante
Conforme o superintendente de Vigilância e Saúde da Sesa, Sezifredo Paz, há 180 casos confirmados da doença no Paraná, registrados em 42 municípios de todas as regiões do estado. Segundo ele, para ser considerada uma epidemia, a gripe A precisaria estar disseminada por todos os municípios.
O médico infectologista Alceu Fontana Pacheco Junior também considera o risco de epidemia distante. “Acho difícil acontecer uma epidemia pela quantidade de pessoas já vacinadas nos anos anteriores”, aponta. Já a médica infectologista Silvia Rossi lembra que os estudos sobre as mutações do vírus ainda são inconclusos e que há riscos de surtos da doença.
Filas em busca da imunização
Ontem à tarde, várias pessoas esperavam para receber a dose contra a gripe A [H1N1] no Centro de Vacinação Paciornick (foto), na Rua Lourenço Pinto. A advogada Cristina de Albuquerque Maranhão Gomide, 41 anos, e os filhos, de 8 e 10 anos, aguardavam na fila à espera da vacinação. A procura deu-se pelo fato de a filha de uma colega de trabalho ter sido diagnosticada como o vírus. “Pela proximidade com o problema, fiquei com medo”, disse. Segundo o médico Claudio Paciornik, a procura aumentou muito na última semana, após a veiculação pela imprensa dos casos registrados no interior do estado. Com atendimento médio de 200 pessoas por dia, a clínica viu a procura quase triplicada nos últimos dias. Ontem o lote acabou e o fornecedor conseguiu liberar outro, com pequeno número de doses. No Centro de Vacinação Paciornik, as vacinas custam R$ 70. No Laboratório Frischmann Aisengart, o valor é de R$ 60.
Colaborou Luiz Carlos da Cruz, correspondente em Cascavel

terça-feira, 26 de junho de 2012

A violência contra a mulher



Terça-feira, 26/06/2012
Assembleia Legislativa do Paraná
Assembleia Legislativa do Paraná / Membros da Comissão de Inquérito sobre a Violência contra a Mulher estiveram ontem em CuritibaMembros da Comissão de Inquérito sobre a Violência contra a Mulher estiveram ontem em Curitiba
AGRESSÕES

CPMI constata falta de estrutura para combater a violência contra a mulher

Dos cerca de 2 mil casos de estupro ocorridos na capital em 2011, apenas 10 foram julgados. Comitiva analisou as condições de atendimento à mulher em situação de risco
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Publicado em 26/06/2012 | VANESSA PRATEANO
O Paraná não cumpre a contento a Lei Maria da Penha, os casos de agressão doméstica estão ficando impunes e não há dados que subsidiem o poder público para que a situação seja revertida.
Esse é o diagnóstico preliminar feito por deputados e senadores que integram a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre a Violência contra a Mulher que estiveram no domingo e ontem em Curitiba. Durante conversas com o vice-governador Flávio Arns e secretários do estado, visitas a delegacia e audiência pública na Assembleia Legislativa, a presidente da CPMI, deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG), e a relatora, senadora Ana Rita (PT-ES), encontraram sérios problemas estruturais na rede que atende a mulher vítima de agressão.
Plano de ação
Confira cinco medidas que o Paraná precisa implantar, destacadas pela CPMI, com o apoio da OAB-PR e do movimento feminista:
- Criar mais delegacias da mulher. Hoje, são 14, mas o governo federal, por meio da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), cobra ao menos 27. A delegacia de Curitiba também deve se especializar em violência doméstica, o que hoje não ocorre, uma vez que seu poder de investigação é limitado por um decreto-lei de 1985, muito anterior à Lei Maria da Penha (2006).
- Construir mais casas-abrigo, locais para onde vão mulheres ameaçadas de morte. Hoje, há cinco em todo o estado, e uma em Curitiba, que atende à capital e região metropolitana. A situação precisa mudar, uma vez que a violência está se deslocando para o interior, e também porque não basta processar o agressor, é preciso garantir que ele não terá oportunidade de se vingar da vítima.
- Criar a Secretaria Estadual da Mulher, que poderá trabalhar melhor a questão de gênero. Essa é uma exigência da SPM, que entende que secretarias que abrangem a família, o idoso, a criança e o adolescente, como é o caso no Paraná, não dão a devida atenção ao tema.
- Estruturar a Defensoria Pública, para que mulheres pobres que não podem pagar por um advogado tenham esse serviço ofertado pelo Estado. Além disso, é preciso criar núcleos de defesa da mulher dentro dos órgãos, para que trabalhem melhor a questão de gênero dentro dos tribunais.
- Criar mais juizados especiais de violência doméstica, assim como mais centros de referência, capacitando os funcionários para lidar com o tema. A preocupação é desenvolver também programas de reeducação do agressor, para impedir que ele venha a cometer o crime novamente, em outra relação.
Alta mortalidade
A comissão veio ao Pa­raná depois de passar por sete estados. No total, serão visitadas as dez unidades da federação onde mais se matam mulheres, além das quatro mais populosas. O Paraná figura em terceiro lugar no primeiro quesito – aqui morrem 6,3 mil mulheres para cada 100 mil habitantes (dados de 2011), índice acima da média nacional, de 4,4 mortes/100 mil. O município de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, é o segundo mais violento de todo o país, com 24 mortes/100 mil.
Na audiência, os parlamentares fizeram uma série de questionamentos a membros do Ministério Público (MP), da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) e do Tribunal de Justiça (TJ), e saíram sem respostas. “Vocês terão uma semana para responder à CPI”, cobrou Ana Rita.
A relatora afirmou que, assim como nos outros estados já visitados, o Paraná não tem dados confiáveis sobre como está cumprindo a Lei Maria da Penha, o que deixa a CPI no escuro. Foram feitos pedidos ao TJ, Sesp, MP, às secretarias de Saúde (Sesa) e Justiça (Seju) e, após quase 30 dias, somente o TJ havia enviado os dados, todos incompletos. A Seju entregou os dados em cima da hora, horas antes da audiência. “Os estados ficaram desesperados quando fizemos os pedidos. Todos eles”, disse Ana Rita.
Entre as informações repassadas pelo TJ, um número surpreendeu a comissão: o de processos judiciais que efetivamente resultaram em condenção. Até o ano passado, estavam em aberto 7 mil processos envolvendo violência contra a mulher no Paraná, dos quais 4,2 mil (60%) envolviam violência doméstica. Desse total (ligados à Lei Maria da Penha), apenas 5,5% obtiveram sentenças condenatórias, o que foi motivo de questionamento da relatora à desembargadora Denise Kruger, que prometeu enviar até sexta-feira um posicionamento do órgão sobre o alto índice de impunidade.
Outro dado que gerou protesto da plateia e comentários dos deputados foi o número de suspeitos de estupro condenados no estado: de acordo com levantamento do movimento de mulheres, repassado à CPMI, ocorreram 2.222 casos de estupro em Curitiba em 2011, dos quais 10 tiveram o processo concluído. Desses, apenas dois resultaram em condenação dos réus. Em relação ao número, o TJ, representado pela desembargadora, disse não ter conhecimento, e prometeu enviar explicação à CPMI até esta semana.
Falhas
Delegacia especial não tem poder de atuação
O órgão de maior importância no combate à violência de gênero, na opinião da presidente da CPMI, Jô Moraes, é a Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher (Deam). “Ela é a porta de entrada de todo o sistema, é onde ocorre o primeiro contato. Se ela não atende bem, a mulher não volta, perde a confiança na Justiça”, disse, durante visita à única Deam de Curitiba. No local, a CPMI constatou deficiências, que foram objeto de questionamento ao secretário estadual de Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César, durante audiência na Assembleia ontem.
Atualmente, no Boletim de Ocorrência Unificado (BOU) adotado pelas polícias civil e militar, não há um campo que especifique que a mulher sofreu violência doméstica. Ou seja, quando ela comunica o crime e preenche um relatório, não há espaço para que informe que a agressão ocorreu dentro de casa, e não na rua, por um estranho. A longo prazo, é impossível para o Estado saber se as mulheres precisam preferencialmente de políticas públicas que coíbam estupro, latrocínio ou agressões pelo parceiro, que são mais complexas e exigem outro tipo de abordagem.
Outras questões apontadas pela delegada-titular da Deam de Curitiba, Maritza Haisi, dizem respeito à falta de recursos humanos, já que a Deam não conta com profissionais de psicologia para atender as agredidas (apenas uma estagiária). Nas contas da delegada, para o ritmo atual, com 1,1 mil inquéritos abertos até maio, ela precisaria de mais 14 escrivães (hoje há oito), outras três delegadas (são três) e 38 investigadores (há 11 fazendo trabalho de campo e 9 em tarefas administrativas).
Por fim, pela falta de pessoal, o intervalo entre a confecção do Boletim de Ocorrência e a tomada de depoimento pode durar até duas semanas. “Com todo esse tempo de espera, a mulher vai ser morta. É inadmissível”, afirmou o deputado federal Dr. Rosinha.
Promessa
Durante discurso na Assembleia, o secretário de Segurança, Reinaldo de Almeida César, prometeu que incluirá o campo para violência doméstica no boletim unificado e prometeu contratar mais profissionais para a delegacia. Também garantiu que serão criadas mais Delegacias da Mulher no estado – hoje há 14, embora sejam necessárias pelo menos 27. Almeida César, no entanto, não respondeu quando as medidas serão tomadas. A CPMI deu uma semana para que a pasta aponte seu plano de trabalho.