quarta-feira, 6 de junho de 2012

Corrupção nos negócios é geral, dizem executivos.


Corrupção nos negócios é geral, dizem executivos.

Pesquisa mostra que 84% dos empresários brasileiros acreditam que fraude é comum no mundo dos negócios


06/06/2012 | 00:24 | BRENO BALDRATIRSS

O executivo brasileiro tem uma péssima impressão da honestidade dentro do ambiente de negócios no Brasil. Segundo pesquisa feita pela consultoria Ernst & Young, 84% dos profissionais entrevistados acreditam que a corrupção é generalizada nas empresas brasileiras, índice superior ao registrado na América Latina (68%) e bem acima da média global (39%).
O estudo “Global Fraud Survey” é realizado a cada dois anos e na última edição entrevistou 1.750 empresários de pequeno, médio e grande porte de todo o mundo. No Brasil, foram 50 entrevistados, sendo 48 de empresas com faturamento acima de US$ 1 bilhão.
A pesquisa também mostra que os brasileiros querem mais regulamentação dos órgãos públicos do que os executivos de outros países. Aqui, 90% são a favor de maior intervenção das agências reguladoras para coibir práticas fraudulentas. A média global é de 69%.
Em comparação com a última pesquisa, aumentou no Brasil o número empresários que cometeriam um ato de corrupção para manter ou ganhar um negócio num momento de crise. Segundo a pesquisa, 12% afirmaram que pagariam propina para garantir a sobrevivência da empresa no mercado. Em 2010, eram 6%.
A explicação para o aumento do índice pode estar ligado à pressão dos acionistas e controladores por resultados, afirma José Francisco Compagno, sócio da área de investigação de fraudes da Ernst & Young. “Ao contrário dos outros países, que vivem um momento de crise, no Brasil estávamos vivendo, até pouco tempo atrás, um período contracíclico, de crescimento”, diz ele. “Nesses casos, há uma pressão de acionistas para que os executivos realizem metas de crescimento que são absolutamente agressivas.”
O resultado no Brasil é menor do que a média global (15%) e da América Latina (14%), mas bem acima do registrado nos Estados Unidos, onde apenas 3% cometeriam uma infração para salvar o negócio.
No relatório de conclusão do estudo, a consultoria questiona se a recusa em pagar propina seria um obstáculo para entrar no mercado do país, citando casos de executivos entrevistados que admitem o uso da corrupção nas negociações entre empresas fornecedoras e órgãos estatais.
Controle
De acordo com Compagno, ainda são poucas as empresas que possuem uma estrutura eficaz para combater fraudes. O estudo mostra que as ferramentas preferidas pelos executivos no Brasil são auditorias internas frequentes (94%), auditorias por agentes externos frequentes (92%), canais de denúncia (72%), monitoramento especializado de softwares e de sistemas de tecnologia da informação (72%), revisões regulares por escritórios de advocacia ou consultores externos especializados (58%).

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