terça-feira, 20 de novembro de 2012

Relacionamento entre pessoas de classes sociais diferentes é tabu na novela e na vida real.

Relacionamento entre pessoas de classes sociais diferentes é tabu na novela e na vida real.



Rita Trevisan e Caroline Bastos Do UOL, em São Paulo Um casal protagonista formado por um militar relativamente bem-sucedido e estudado e uma garota simples do morro. Essa é a receita da autora Glória Perez para conquistar a audiência de "Salve Jorge". A diferença de classes sociais entre os apaixonados Théo (Rodrigo Lombardi) e Morena (Nanda Costa) levanta a discussão sobre os preconceitos ainda tão arraigados em nossa sociedade e que levam à discriminação dos casais que, por algum motivo, fogem dos padrões. 

 "No Brasil, as pesquisas mostram que há uma endogamia de classe, ou seja, não é uma lei --como ocorre entre as castas indianas, em que era proibido casar noutra casta--, mas há uma tendência geral de que as pessoas se casem dentro da mesma classe social. É como se fosse uma regra, nem sempre explicitada, mas que é notada em estatísticas", conta a antropóloga Heloisa Buarque de Almeida, professora da USP (Universidade de São Paulo).  

Sendo assim, todos os que saem do que é tido como o "normal" ou "natural" --que é se relacionar com pessoas que desfrutam de uma situação econômica parecida-- sofrem as consequências disso. "Se os preconceitos desse tipo existem, é porque ainda há uma dificuldade dos indivíduos em pensar a diversidade. Em grande parte dos casos, a diferença, infelizmente, ainda é sentida como ameaçadora, porque fere a identidade cultural de um grupo perante o outro", explica Rosana Schwartz, historiadora e socióloga especialista em gênero, professora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). 

Desafios para o casal 
Prevalece a idealização das classes mais favorecidas e a estigmatização dos que têm menos poder aquisitivo. Por consequência, o cônjuge que detém os atributos socialmente valorizados terá mais chances de impor seu estilo de vida e sua visão de mundo no cotidiano do casamento. E esse será o primeiro desafio a ser enfrentado pelo casal que decide se unir a despeito das diferenças.  

Divulgação/TV GloboEm "Salve Jorge", Áurea (Suzana Faini, na foto) não aprova o relacionamento do filho Théo (Rodrigo Lombardi) com Morena (Nanda Costa) "O principal cuidado é compreender e aceitar a cultura do outro, não comparar ou julgar. Não impor seus valores nem entendê-los como sendo os únicos corretos", diz Rosana. A especialista também afirma que é preciso valorizar o gosto e as práticas cotidianas do indivíduo que não vem de uma família abastada financeiramente e, principalmente, não colocá-lo em situações constrangedoras. "O cônjuge não pode esperar que o parceiro advindo de meios mais modestos tenha os mesmos padrões de conduta do grupo a que ele pertence”, afirma a socióloga Carolina Pulici, professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Da mesma maneira, o que vive uma situação financeira mais confortável pode se deparar com ocasiões em que ele não sabe como agir, e também merece compreensão de seu par.  "Se essas duas pessoas de classes sociais diferentes estão dispostas a perpetuar seus valores originais, relacionados à criação que receberam, dificilmente a relação sobreviverá. É preciso que ambos estejam abertos a construir novos valores, encontrando e valorizando os pontos em que há consenso", diz a socióloga Daniela Auad, professora da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora). O inferno são os outros A pressão social da família e dos amigos, que podem se posicionar contrários ao romance, também representa um obstáculo a ser vencido. "O diálogo é sempre a melhor forma de neutralizar essas influências. Primeiro, o diálogo entre o casal e, depois, com as famílias e os amigos. O fundamental é que o casal procure fazer com que os outros entendam que as diversidades culturais não inviabilizam os projetos do casal", afirma Rosana. Por outro lado, ao perceber que há uma resistência muito grande, o melhor é preservar o parceiro. "É sempre bom fazer tentativas de aproximação do cônjuge com a família. Porém, se elas não derem em nada, não há porque expor o seu parceiro a violências que você sabe que não terão fim", diz Daniela. E isso vale para os dois, afinal, ambos os grupos podem hostilizar o outro por ser diferente, seja ele rico ou pobre.  Nesse caso, Daniela defende que o cônjuge pare de frequentar as festas da família ou de amigos que não aceitam o relacionamento e que o casal faça outros tipos de programas juntos. "Isso evita uma série de conflitos que podem ir desgastando o relacionamento aos poucos", diz a socióloga. E, muito embora as interferências externas tenham seu peso na relação, a melhor fórmula para construir uma vida harmoniosa ainda é desconstruir estereótipos e preconceitos de classes. "Em outras palavras, é tratar o outro com respeito e, fundamentalmente, com amor", diz Rosana. 

Leia mais em: http://noticias.bol.uol.com.br/entretenimento/2012/11/20/relacionamento-entre-pessoas-de-classes-sociais-diferentes-e-tabu-na-novela-e-na-vida-real.jhtm

Vergonha Nacional, Só em Curitiba para Acontecer isso, Vamos nos unir e lutar contra.


Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo / Desde o fim de outubro, preço médio da gasolina saltou 16%Desde o fim de outubro, preço médio da gasolina saltou 16%
COMBUSTÍVEIS

Lucro dos postos de Curitiba é o mais alto do país

Segundo relatório da ANP, em quatro semanas o ganho médio com a gasolina subiu de R$ 0,21 para R$ 0,55 por litro
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Publicado em 20/11/2012 | FERNANDO JASPER
Os postos de Curitiba têm o maior lucro do país na venda de gasolina. A margem média dos estabelecimentos, que há apenas quatro semanas era a segunda menor entre as 27 capitais, tornou-se a mais alta na semana passada, revelou ontem uma pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Entre os dias 11 e 17 de novembro, a gasolina estava sendo vendida nas bombas por um preço médio de R$ 2,85 o litro, 55 centavos acima do valor pago pelos postos às distribuidoras (R$ 2,30). Com isso, o lucro embutido no preço ao consumidor foi de 19,3%, em média – bem acima da margem média de todas as capitais, de 13,8%. Esses porcentuais não incluem receitas dos postos com outros produtos e serviços, nem gastos com pessoal, aluguel e outros.
53 postos visitados na semana passada não apresentaram nota fiscal de compra da gasolina à empresa pesquisadora contratada pela ANP, o que é irregular. Só 42 cumpriram a norma.
R$ 2,899 por litro é o preço da moda para a gasolina em Curitiba. Dos 95 postos consultados pela agência reguladora, 39 – cerca de 40% do total – estão cobrando esse valor.
Os números da ANP mostram que o preço ao consumidor subiu 16% desde o fim de outubro, bem acima do reajuste de 2% promovido pelas distribuidoras, que fornecem combustível aos postos.
Quatro semanas atrás, quando as distribuidoras cobravam em média R$ 2,255 por litro, o preço de venda ao consumidor oscilava em torno de R$ 2,461. Com isso, a margem de lucro dos postos de Curitiba era de pouco menos de 21 centavos por litro, ou 8,4% – na ocasião, superava apenas a dos estabelecimentos de São Luís, no Maranhão (7,7%).
Reajustes
A disparada nos preços começou às vésperas do feriado de Finados, quando, pondo fim a uma suposta “guerra de preços”, grande parte dos postos curitibanos reajustou o valor do litro em até 50 centavos. Nas semanas seguintes, outros estabelecimentos elevaram seus preços, o que aos poucos foi elevando a média calculada pela ANP.
Dos 95 postos consultados pela agência reguladora na semana passada, só quatro cobravam menos de R$ 2,60 pelo litro da gasolina. O menor preço era de R$ 2,397, em um posto do bairro Santa Quitéria, e o mais alto, de R$ 2,949, no Hugo Lange. O levantamento evidencia uma grande concentração em torno de apenas dois valores: segundo a ANP, 39 estabelecimentos estavam cobrando R$ 2,899 por litro, e em 24 o litro custava R$ 2,849.
Etanol
Os preços do etanol, e os ganhos com o produto, também aumentaram. No fim de outubro, o litro do combustível de cana era vendido por R$ 1,82, com margem de R$ 0,208 (11,4%). Na semana passada, o preço médio ao consumidor chegou a R$ 1,955 por litro e o lucro, a R$ 0,333 (17%) – o quarto mais alto entre as capitais do país.
Consulte
A lista completa de postos visitados pela ANP, com preços e margens de lucro, está emwww.anp.gov.br/preco.

Transtorno de identidade sexual na infância divide especialistas.


Transtorno de identidade sexual na infância divide especialistas.

CAROLINA DE ANDRADE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Aos quatro anos, um menininho inglês que se chamava Jack disse para a mãe: "Deus cometeu um erro, eu deveria ser uma menina".
Aos oito, ele mandou um e-mail para as pessoas da escola onde estudava (e sofria bullying) avisando ser "uma menina presa em um corpo de menino". E passou a se vestir como garota. Aos dez, disse à mãe que se mataria se começasse a "virar homem".
Steve Meddle/Rex Features
Jackie Green, primeira transexual finalista do concurso de Miss Inglaterra
Jackie Green, primeira transexual finalista do concurso de Miss Inglaterra
Aos 11, Jack teve uma overdose e fez outras seis tentativas de suicídio antes de completar 16 anos.
Como a lei inglesa não permite cirurgia de mudança de sexo antes dos 18, Jack foi operado na Tailândia, aos 16.
A história de Jack, que a rede de TV britânica BBC exibe hoje, mostra os contornos e as dores do transtorno de identidade sexual na infância. Jackie Green tem agora 19 anos, é modelo e foi a primeira finalista transexual do concurso de Miss Inglaterra.
A OMS define o fenômeno como o desejo, manifesto antes da puberdade, de ser (ou de insistir que é) do outro sexo. O termo "transexualismo" só é usado para adultos.
Não há estatísticas de incidência do fenômeno. Entre pessoas acima de 15 anos, estima-se que um a cada 625 mil seja transexual, segundo o psiquiatra Alexandre Saadeh (leia entrevista abaixo).
De acordo com Carmita Abdo, do programa de estudos em sexualidade da USP, a experiência clínica mostra que só um terço das crianças com o transtorno serão transexuais.
Na visão da psiquiatria, transexualidade não é escolha, como querem alguns setores. Como psiquiatra, é claro que Alexandre Saadeh defende o diagnóstico de transtorno de identidade sexual na infância --embora critique seu uso estigmatizante.
Professor da PUC-SP e coordenador do Ambulatório de Transtorno de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do Hospital das Clínicas de São Paulo, ele conta como a medicina caracteriza o problema, à luz das últimas pesquisas.
*
Folha - Como saber se a criança sofre de transtorno de identidade de gênero?
Alexandre Saadeh - Pode ser que a criança esteja só brincando de assumir um papel, o que é comum entre os quatro e os seis anos, faz parte do desenvolvimento. Para constatar o transtorno é preciso que o comportamento ocorra por tempo prolongado.
Quais são os indícios?
Não é só o uso de roupas ou a criança se chamar por nome do outro gênero. Ela apresenta outros sinais: fica deprimida, irritada e agressiva se é obrigada a se comportar segundo o sexo anatômico. A necessidade de ser tratada como se fosse do outro gênero é constante. Muitas percebem que o comportamento incomoda os pais, aí o escondem.Os primeiros indícios surgem na infância, mas são raros os casos em que é claro desde o início se tratar de transexualismo.
Nem toda criança com o transtorno fará cirurgia de mudança de sexo quando adulta. Mas todo transexual teve o transtorno. A criança deve ser avaliada por profissionais para evitar diagnósticos equivocados.
Quais são as causas?
Há evidências de que a diferenciação cerebral intrauterina pode ser influenciada por níveis de andrógenos [hormônios que desenvolvem as características sexuais masculinas] circulantes na gestação, o que pode gerar um cérebro masculino ou feminino, independentemente da anatomia já definida. Apesar da importância do ambiente e da cultura, não há evidências de como esses fatores se acrescentam aos fenômenos biológicos.
Quais são as alternativas após o diagnóstico da criança?
Pais e profissionais devem ajudar a criança a vivenciar o transtorno e, se for o caso, superá-lo; se não, a vivenciá-lo de maneira integral, sem censura. Não é fácil para nenhum pai ou mãe se adaptar a essa transformação, mas quando se pensa em respeito e aceitação pela diferença e por quem é de verdade o filho ou filha, fica mais palatável.
No Brasil, a cirurgia só pode ser feita após os 21 anos, mas o uso dos hormônios pode começar a partir dos 18. Se tivermos certeza de que o adolescente já é um transexual, é possível tentar autorização junto ao Conselho Federal de Medicina para começar o tratamento hormonal antes.
Os efeitos do tratamento hormonal para impedir a puberdade são reversíveis?
Há a possibilidade de se bloquear o desenvolvimento das características masculinas ou femininas do adolescente, ou já fazer o tratamento hormonal específico para o gênero desejado. Alguns efeitos são reversíveis, outros não, por isso a controvérsia e a responsabilidade da indicação desse tipo de intervenção, o que aumenta mais a importância do diagnóstico.
Sou a favor do bloqueio e do tratamento hormonal, já que impedem que a pessoa passe pelo sofrimento de desenvolver caracteres sexuais de seu sexo anatômico e não de sua identidade de gênero.
A visão do transexualismo como transtorno é unânime?
Para os [profissionais] que se preocupam em se atualizar nas pesquisas, é, sim. O problema é confundir transexualismo e homossexualidade ou tratar como doença mental. É um transtorno do desenvolvimento cerebral. As explicações psicológicas clássicas não conseguem mais caracterizar o fenômeno. As ciências humanas tendem a ser contra o diagnóstico e o consideram estigmatizante, do que discordo. Pode haver esse uso do diagnóstico, mas não é essa a finalidade.
Qual sua opinião sobre os movimentos pela "despatologização" do transexualismo?
Acredito no diagnóstico como delineador, não como estigmatizante. Como psiquiatra, não posso achar que o transexualismo seja questão de escolha. É questão de desenvolvimento embrionário, relacionada ao desenvolvimento cerebral na fase de diferenciação entre cérebro masculino e feminino.
Como vê o "gender-neutral parenting", essas tentativas de criar uma educação sem estereótipos sexuais, a exemplo de uma escola na Suécia que não usa "ele" ou "ela" para se referir às crianças?
A sociedade funciona com diferenciação de gêneros. A criança terá contato com os gêneros cedo ou tarde e isso pode gerar confusão.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Estudos reabrem debate sobre o impacto de redes sociais na vida das pessoas.


Estudos reabrem debate sobre o impacto de redes sociais na vida das pessoas.

ALEXANDRE ARAGÃO
DE SÃO PAULO
Qual o impacto das redes sociais na vida das pessoas? Elas nos aproximam ou nos afastam?
A discussão, que mobiliza acadêmicos desde que Orkut e Facebook se tornaram populares, ganhou novos capítulos recentemente, com o lançamento de dois livros de teorias opostas.
SOCIAL OU ANTISSOCIAL?
Ilustração Pablo Mayer
De um lado estão o sociólogo Barry Wellman, da Universidade de Toronto, e Lee Rainie, diretor do instituto Pew. Eles são autores de "Networked: The New Social Operating System" ("Em Rede: O Novo Sistema Social", sem edição em português), no qual defendem que esses sites são elementos de união.
Do outro lado, Andrew Keen, historiador, empreendedor pioneiro do Vale do Silício e autor de "Vertigem Digital" (Zahar, R$ 44,90), no qual procura explicar por que as redes sociais estão "dividindo, diminuindo e desorientando" seus usuários.
"REVOLUÇÃO TRIPLA"
Wellman e Rainie recorrem a pesquisassobre o uso de tecnologia nos EUA, produzidas pelo instituto Pew, para argumentar que a sociedade está ficando mais integrada por três fatores, que eles definem como "revolução tripla".
Divulgação
O sociólogo Barry Wellman, professor da Universidade de Toronto e coautor de "Networked" ao lado de Lee Rainie
O sociólogo Barry Wellman, professor da Universidade de Toronto e coautor de "Networked" ao lado de Lee Rainie
O primeiro, do qual a web é peça-chave, é a substituição de grupos sociais coesos por redes interligadas entre si por vários indivíduos.
"No passado, as pessoas tinham círculos sociais pequenos, fechados, nos quais familiares, amigos próximos, vizinhos e líderes comunitários formavam uma rede de proteção e ajuda", escrevem os autores. "Este novo mundo de individualismo conectado gira em torno de grupos mais soltos e fragmentados que oferecem auxílio."
Segundo eles, completam essa "revolução" o aumento do acesso à banda larga e o uso disseminado de smartphones e tablets.
"Dizem que as redes sociais desagregam, mas não há nenhuma evidência sistemática de que isso esteja, de fato, ocorrendo", afirma Wellman, em videoconferência com a Folha.
Divulgação
O historiador Andrew Keen, autor de "Vertigem Digital"
O historiador Andrew Keen, autor de "Vertigem Digital"
PRISÕES DE LUXO
Já Andrew Keen utiliza como alegoria de sua tese uma prisão do castelo de Oxford que foi transformada em hotel cinco estrelas. Nela, um átrio central permitia que todos os prisioneiros fossem vigiados --hoje, as antigas celas viraram quartos luxuosos.
Para ele, assim são as redes sociais: parecem hotéis cinco estrelas, mas não passam de cadeias em que um preso vigia o outro constantemente. "Muito da minha conclusão foi derivado do meu próprio uso de redes sociais", afirma, por e-mail.
O uso que fazemos das redes sociais, diz, serve para nos manter ligados a nossas identidades virtuais, o que nos faz deixar de lado as reais.
Para Keen, uma frase de Sherry Turkle, professora do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), resume sua opinião: "Entramos em rede porque estamos ocupados, mas acabamos passando mais tempo com a tecnologia e menos uns com os outros".
*
AS REDES EM USO
273
é o número médio de amigos que os brasileiros têm em redes sociais
91%
dos brasileiros com acesso à internet têm perfis em alguma rede social
69%
dos adultos que usam internet nos EUA têm perfis em redes sociais
92%
é para quanto sobe a porcentagem entre a população de 18 a 29 anos

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Dieta emagrece mais do que exercício, mostram pesquisas.


Dieta emagrece mais do que exercício, mostram pesquisas.

JULIANA VINES
DE SÃO PAULO
O último round da disputa científica entre dieta e exercício físico (qual emagrece mais?) foi vencido pela mudança alimentar.
Atividade física até ajuda a perder uns quilos, mas quem está acima do peso --48,5% da população brasileira, segundo o Ministério da Saúde-- precisa fechar a boca para ter resultado, de acordo com pesquisas recentes.
Uma delas, publicada em outubro último no periódico "Obesity Reviews", analisou os resultados de 15 trabalhos. Todos mediram o efeito de atividades físicas, como caminhada ou corrida, em pessoas que não fizeram mudanças na dieta.
As conclusões não animam. Na maioria dos estudos (que envolveram 657 pessoas e duraram de três a 64 semanas), a perda de peso foi menor do que a esperada.
"Algumas pessoas conseguem emagrecer bastante, mas, em geral, a prática de atividade física resulta em uma perda de apenas dois ou três quilos", disse à Folha Timothy Church, um dos coordenadores do trabalho. Ele é médico do Centro Pennington de Pesquisa Biomédica, em Louisiana (EUA).
COMPENSAÇÃO
Se toda atividade física causa queima energética e se para emagrecer basta ter um saldo negativo (gastar mais do que ingerir), por que a conta nem sempre fecha?
trabalho de Church levanta algumas hipóteses. Segundo a principal delas, quem faz exercício acaba compensando a perda de calorias comendo mais. Isso aconteceu em pelo menos dois artigos analisados.
"Não sabemos por que isso ocorre, estamos estudando melhor agora", afirma.
Para o médico do exercício Marcelo Leitão, da Sociedade Brasileira de Medicina do do Exercício e do Esporte, é comum as pessoas superestimarem os efeitos da atividade física.
"As pessoas têm uma noção errada de que se fazem exercícios podem comer o que quiserem. Se você fizer uma hora de atividade e depois tomar uma cervejinha, já recuperou o que perdeu."
Para gastar 500 calorias (meta diária de quem quer perder meio quilo por semana) é preciso fazer uma hora de atividade de alto impacto, como uma aula de "jump". O esforço pode ir embora em dois pedaços de pizza.
"Uma hora de caminhada por dia muda indicadores de saúde, mas não necessariamente faz perder peso", acrescenta Leitão.
Editoria de Arte/Folhapress
FAZENDO AS CONTAS
"É muito mais fácil cortar calorias do que gastar. As dietas, em geral, são supercalóricas", afirma Julio Tirapegui, bioquímico e pesquisador da Universidade de São Paulo.
Uma pessoa com sobrepeso pode consumir mais de 3.000 calorias por dia e um obeso chega a 5.000, segundo o médico argentino Máximo Ravenna, autor de "A Teia de Aranha Alimentar" (Guarda-Chuva, 264 págs., R$ 38). "Não tem como compensar isso com exercício. Tem que reduzir pelo menos 40% da ingestão de alimentos."
Outro ponto a considerar é que o gasto de energia resultante do exercício não é exato: varia segundo o condicionamento físico e as características pessoais (altura, peso, idade). Na dieta, dá para fazer as contas com precisão e cortar calorias.
Foi calculando tudo que colocava para dentro que Lucélia Bispo, 27, auxiliar administrativa, perdeu 23 quilos em cinco meses, sem exercício. Ela fez uma dieta de pontos de um site especializado.
"Não deixava passar nada, anotava até uma bala", diz ela, que antes já tinha feito regime, sem sucesso.
"Sempre dá aquela impressão de que não vamos poder comer nenhuma besteira. Mas aprendi que se for um pouquinho, tudo pode."
O recorde de Lucélia foi ter perdido 2,3 kg em apenas uma semana.
Depois de emagrecer bastante, ela passou a fazer uma dieta de manutenção. Hoje está com 71 kg. "Só agora vou fazer academia, porque fiquei com um pouco de flacidez."
IMPOSSÍVEL NÃO É
É claro que quem pratica exercícios com regularidade e foge da armadilha da compensação alimentar consegue perder peso.
Na cabeça do psiquiatra Volnei Costa, 31, nunca passou a ideia de fazer regime: "Gosto muito de comer".
Quando viu que precisava emagrecer, manteve o cardápio e começou a treinar pesado seis vezes por semana, alternando musculação e exercícios aeróbicos. Em seis meses eliminou oito quilos --passou de 79 kg para 71 kg. Hoje está com 76 kg. "Ganhei massa muscular", diz.
Victor Moriyama/Folhapress
Volnei Costa, 31, perdeu 8kg só fazendo exercícios físicos
Volnei Costa, 31, perdeu 8kg só fazendo exercícios físicos
Abandonar o sedentarismo também foi decisivo para a designer Camilla Pires, 23. Com 21 anos e 85 quilos, ela começou a nadar. A atividade motivou mudanças no cardápio. "Passei a pensar mais no que comia. Estava fazendo muito esforço, não podia desperdiçar."
Por um ano, ela juntou a fórmula dos sonhos dos especialistas: adotou uma " alimentação saudável" e se mexeu mais. Além da natação, passou a correr. Perdeu 24 quilos. "Para mim, o que fez a diferença foi o exercício, mas também parei de comer compulsivamente ", conta.
O pesquisador americano Timothy Church, apesar das ressalvas, admite que, com a atividade física, o emagrecimento fica mais fácil. E até dá a receita: 150 minutos de caminhada rápida e 2 dias de treinamento com pesos (20 minutos por dia) por semana.
Para Franz Burini, professor da Unesp e médico da academia Reebok Sport Club, não existe atividade física ideal. "O melhor exercício é aquele que é feito", afirma. E não precisa passar uma hora na academia para ter resultado. "Ser fisicamente ativo é se mexer mais todo o tempo. Tem pessoas que treinam uma hora e ficam paradas as outras 23."
Editoria de Arte/Folhapress

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A SAÚDE É UM CAOS. E o Governo do Paraná vai comprar hotel de luxo em Curitiba.


08/11/2012 - 03h39

Governo do Paraná vai comprar hotel de luxo em Curitiba.

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ESTELITA HASS CARAZZAI
DE CURITIBA
Um hotel cinco estrelas de Curitiba --com direito a spa, piscina e heliponto--, foi decretado como área de utilidade pública pelo governo do Paraná, que deseja instalar no local a sede da Procuradoria-Geral do Estado.
Serão pagos cerca de R$ 22 milhões pelo prédio de 16 andares, que fica no centro histórico da cidade.
O Crowne Plaza, integrante de uma rede internacional, é famoso por ser o único hotel com heliponto de Curitiba. Por isso, recebe com frequência músicos e artistas que se apresentam na cidade. Uma diária no local custa de R$ 270 a R$ 630.
Um hotel da mesma bandeira, por coincidência, também foi comprado pela Procuradoria da República em São Paulo, em 2008. Foram necessários três anos de reformas e adaptações para que o prédio fosse ocupado.
O decreto do governo do Paraná, do início de outubro, diz que o imóvel onde fica o Crowne "é indispensável ao atendimento do interesse público, em virtude de suas características e localização".
Segundo o advogado da Nova Itália Empreendimentos, dona do prédio, o governo negocia para que os desapropriados façam as modificações necessárias para transformar o prédio num centro comercial, como o aterramento da piscina, a colocação de luzes de escritório e a retirada de móveis.
O valor das reformas deve ser incluído na negociação, que ainda não foi concluída.
Apesar da pujança do hotel, a reportagem apurou que é de interesse dos sócios se desfazer do negócio. Caso as negociações com o governo do Estado sejam bem sucedidas, as atividades do hotel serão encerradas.
VALOR DE MERCADO
O governo do Paraná defendeu, em nota, a desapropriação do hotel, sustentando que hoje a Procuradoria-Geral do Estado ocupa três prédios diferentes, com "alto custo de locação".
Ainda de acordo com o governo, a desapropriação não significará um gasto excessivo aos cofres do Estado, uma vez que o valor a ser pago pelo imóvel está "muito abaixo da média de mercado".
Especialistas ouvidos pela reportagem da Folha avaliam que o preço estipulado está, de fato, dentro dos valores de mercado.
O valor do metro quadrado na região do hotel em Curitiba é de aproximadamente R$ 4.000. O governo oferece cerca de R$ 3.000.
Para a Procuradoria, as modificações a serem feitas são poucas e "o valor a ser investido é de pequena monta em relação aos demais imóveis pesquisados".

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Uma aposentadoria tranquila começa cedo.


FINANÇAS PESSOAIS

Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Daniel Castellano/ Gazeta do Povo / Follador: contas devem incluir previdência pública e privadaFollador: contas devem incluir previdência pública e privada
FUTURO

Uma aposentadoria tranquila começa cedo.

Segundo especialistas, para garantir um futuro sem sobressaltos é preciso fazer as contas com antecipação e escolher bem os investimentos
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Publicado em 06/11/2012 | CÍNTIA JUNGES
Você já pensou com que salário quer se aposentar? A preocupação, que até pouco tempo era considerada assunto para a velhice, se tornou bastante comum entre os mais jovens. Uma das explicações está no aumento da expectativa de vida dos brasileiros, que avançou 25 anos nas últimas quatro décadas, ou seja, viver mais e, sobretudo, melhor exige planejamento e capacidade de poupar.
Segundo especialistas, planejar a aposentadoria para receber um valor compatível com as necessidades é um exercício de previsão, mas pode garantir um futuro sem sobressaltos. De acordo com o diretor-presidente do Fundo Paraná de Previdência Multipatrocinada, Renato Follador, o primeiro passo é fazer uma projeção do tamanho do salário na época da aposentadoria. Segundo ele, 80% do total são suficientes para manter o mesmo padrão de vida do final da carreira. Desses 80%, a orientação é descontar o valor que será pago pelo INSS para quem contribuiu. A diferença é o que será preciso complementar por meio de uma previdência privada ou outro investimento paracontinuar com a mesma renda. O cálculo do valor a ser pago pelo INSS pode ser feito utilizando um simulador do fator previdenciário, que define as regras da aposentadoria. Há vários disponíveis na internet.
“É importante que as pessoas lembrem que em um plano de previdência estarão dividindo parte da sua economia com a instituição que administra o fundo. Uma boa opção são os planos instituídos, que são planos de previdência oferecidos por entidades de classe.”
Humberto Veiga, consultor em investimentos.
Prepare-se
Você faz planos para a aposentadoria? Como você está se preparando para essa fase da vida?
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.
Follador explica que, por causa da política de reajuste do salário mínimo, quem for se aposentar após 2021 pela previdência social, deve considerar uma aposentadoria máxima de cinco salários mínimos (R$ 3.110). Depois de 2035, o cálculo cai para três salários mínimos (R$ 1.866). O valor máximo pago passou de 20 salários mínimos na década de 1970 para 7,5 salários na década de 2000. Atualmente o teto para aposentados pelo INSS está em 6,3 salários mínimos.
Para o consultor de investimentos Humberto Veiga, existem vários aspectos que precisam ser levados em consideração na hora de calcular o valor desejado da aposentadoria. Entre as variáveis, ele cita a variação das taxas de juros. “Se as taxas estão altas o rendimento é maior e o valor a ser poupado pode ser menor. Já as taxas de juros baixas elevam a necessidade de aumentar o volume de dinheiro para obter o mesmo rendimento”.
O consultor diz que, em muitos casos, o problema começa já na simulação, que é feita com base em taxas de juros muito elevadas. A orientação, segundo ele, é simular levando em conta a taxa real de juros, que já desconta a inflação. “Aconselho a usar uma taxa de no máximo 1,5% ao mês”, diz.
Além disso, Vieira recomenda atenção às taxas de carregamento e administração. “É importante que as pessoas lembrem que em um plano de previdência estarão dividindo parte da sua economia com a instituição que administra o fundo. Uma boa opção são os planos instituídos, que são planos de previdência oferecidos por entidades de classe. Eles têm um custo de carregamento alto (3% em média), mas a taxa de administração é baixa (0,5%).”
Variáveis
Confira alguns pontos que devem ser considerados na hora de planejar a aposentadoria.
Idade
É importante definir a idade para se aposentar levando em conta que a expectativa de vida também está maior. Aposentadoria muito precoce pode significar falta de dinheiro no futuro
Renda
Faça uma simulação do salário no momento da aposentadoria ajuda a estimar o valor necessário para manter o mesmo padrão de vida.
Tempo
Definir o tempo de contribuição é fundamental para saber quanto será preciso economizar. Quanto menos tempo até a aposentadoria, maior será o desembolso para obter o mesmo rendimento.
Sobrevida
Planejar os anos de sobrevida após a aposentadoria inclui pensar em todas as despesas e planos para o futuro, como viagens e cursos.
Cálculo
O exemplo do consultor Renato Follador mostra qual é o valor que será preciso investir (em previdência privada ou outro investimento) para complementar a renda do INSS na aposentadoria e manter o mesmo padrão de vida.
Renda hoje: R$ 2.500.
Renda futura: R$ 5.500 daqui a 20 anos, na hora da aposentadoria, aos 55 anos
Necessidade futura: 80% dos R$ 5.500 = R$ 4.400.
Renda do INSS: R$ 2.518 (calculado usando o Fator Previdenciário)
A conta: R$4.400 – R$ 2.518 = R$ 1.882 (essa é a renda complementar que a pessoa deverá buscar na previdência privada ou outros investimentos).